Espiritualidade e Fé

O Culto às Árvores

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Na historia religiosa da Europa antiga o respeito e as reverências das árvores desfrutavam de uma relevância especial. As vastas e espessas florestas européias inspiravam temor e respeito e por isso foram escolhidas como locais adequados para cerimônias e rituais. O silêncio, a semi-obscuridade, o jogo de luzes e sombras, os sons misteriosos criados pelo vento ou os movimentos dos animais criavam o cenário perfeito para o intercâmbio entre os homens, os espíritos da Natureza e as divindades. Os bosques tornaram-se os mais antigos santuários (temenos, em grego) da humanidade, considerados sítios sagrados e invioláveis. Havia punições severas para aqueles que ousassem machucar ou derrubar uma árvore. Quando era absolutamente necessário cortar uma árvore (para construir moradias ou fortificações) eram feitas previamente oferendas para o espírito da Natureza que morava no seu tronco, explicando-lhe a finalidade e pedindo que se mudasse para outro lugar. Os povos antigos acreditavam que as árvores eram seres vivos e que cada uma tinha um espírito protetor, que diferia de uma espécie para outra. Em alguns países atribuía-se às árvores mais velhas o lugar de refúgio das almas dos anciãos, cujas vozes se faziam ouvir no farfalhar das folhas para aconselhar seus descendentes. A árvore não somente era considerado um ser vivo, mas era a própria manifestação do Eixo Cósmico que ligava o céu a Terra e que proporcionava o intercâmbio entre os mundos. Nos mitos de várias culturas mencionava-se a Árvore da Vida ou do Conhecimento, cujas raízes penetravam no mundo subterrâneo (morada dos espíritos ancestrais e dos animais de poder), o seu tronco atravessando o mundo dos homens e seus galhos se erguendo para captar as energias do céu e das estrelas. Na tradição xamânica, o xamã se desloca ao longo da Árvore Cósmica buscando as informações e energias necessárias para curar ou aconselhar seus semelhantes no mundo superior, mediano ou inferior.
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A transição dos cultos animistas (que veneravam todas as manifestações da Natureza considerando-as imbuídas de energia vital) para as religiões politeístas, trouxe modificações na conceituação das árvores, vistas agora como simples habitat – de maior ou menor duração – dos espíritos da Natureza. Esses espíritos podiam se afastar das suas moradas e ao materializar sua energia espiritual assumiam feições humanas (masculinas ou femininas). A mitologia grega descreve as diferentes classes dessas divindades menores, protetoras das florestas, campos, vales, rios ou lagos, associando-as com diversos mitos e lendas. Os espíritos da Natureza com formas femininas foram denominados genericamente de Ninfas. Na verdade existiam subdivisões de acordo com o seu habitat ou suas funções. Podemos enumerar: Dríades (protetoras das florestas de carvalhos), Hamadríades (que ficavam ligadas às árvores até suas destruição), Melíades (guardiãs dos freixos e das crianças abandonadas ou perdidas nas florestas), Oréades (cuja morada era nas montanhas), Napéias (moradoras dos vales e dos campos), Naiades (regentes das fontes e dos rios, muito honradas e veneradas), Nereides (ninfas do mar, aparecendo ora como sereias, ora como mulheres cavalgando cavalos marinhos).
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Nos países nórdicos conheciam-se as Ninfas dos freixos, dos teixos, das bétulas, das faias, das macieiras, as Mulheres e Avós das Árvores, as Damas Verdes, as Mães das Florestas, as Nixies e Selkies aquáticas, as Pixies aladas e muitas outras. Os celtas tinham uma grande diversidade de nomes e caracterizações, sendo mencionadas nas inúmeras lendas seres benévolos que apareciam como encantadoras jovens dançando e cantando ou pelo contrário, como entidades malévolas, velhas e peludas, com muitas raízes, corpo coberto de musgo e se comportando de maneira hostil ou ameaçadora. Foram estas representações das Ninfas celtas e escandinavas que persistiram no folclore e nas lendas, como diáfanas fadas ou as bruxas malvadas. Com o advento das religiões patriarcais, o culto centrado nas divindades femininas – sejam Deusas, sejam espíritos da Natureza – foi diminuído até ser totalmente proibido. 
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Somente nas regiões menos civilizadas e nas tradições nativas foi preservada a maneira respeitosa de tratar as árvores. No início, os templos eram construídos ao ar livre, com suas colunas, abóbadas e a atmosfera sombria e silenciosa. Aos poucos somente as árvores cercando as igrejas e os cemitérios lembravam a antiga conexão e o hábito ancestral de plantar árvores nos nascimentos e nas mortes dos seres humanos. No entanto, a árvore deixou de ser vista como um ser vivo, muito menos como sagrada, usada somente para fins econômicos ou comerciais, sem levar em consideração o equilíbrio ecológico ou energético. Por mais que tenhamos nos distanciado, no tempo e no espaço, do berço e dos valores dessas antigas tradições, a situação atual das florestas no mundo todo nos incentiva a resgatarmos o antigo respeito pela preservação das árvores e dos seres espirituais a elas ligadas. Mesmo que atualmente apenas as pessoas sensitivas percebam a presença dos espíritos da Natureza, o reino deles continua existindo ao nosso lado. São eles os guardiões e os protetores do reino vegetal que zelam pelo seu habitat e se empenham no crescimento e multiplicação dos seus protegidos. Porém, eles são impotentes frente às moto serras e às queimadas e por isso se afastam cada vez mais da destruidora presença humana. Compete às pessoas sensíveis e conscientes tomarem medidas preventivas e ativas para impedir que o nosso planeta se torne uma floresta de concreto, sem seres e energias naturais, povoado por seres robotizados.
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FITOLATRIA O CULTO AS ARVORES

Imagem relacionadaIyalorisa e Iyanifa Ifayemi Awolere KolawoleEnraizada na terra, mas com seus ramos apontando para o céu, ela é, como o própio homem, uma imagem da "essência dos dois mundos" e da criatura medianeira entre o acima e o abaixo. 
Em muitas culturas antigas não são apenas veneradas determinadas árvores ou um bosque inteiro, como morada de seres sobrenaturais deuses, espíritos elementares , mas muitas vezes encontramos a ídéia da árvore como eixo do mundo, em torno do qual o cosmo está disposto: pensemos por exemplo na arvore cosmogônica Yggdrasil entre os germanos setentrionais, ou a sagrada Ceiba- ou Yaxché- dos maias iucateques, que cresce no centro do mundo e suporta as camadas do céu, sendo que em cada um dos quatros cantos do mundo uma árvore colorida desse tipo serve de pilastra do firmamento. O papel de árvores-tabu no paraíso bíblico é conhecido: para os budistas, o pipal ( ficus-religiosa ), sob o qual Gautama, o  Buda, obteve a iluminação, é símbolo do " grande despertar". Os Egípcios antigos, veneravam o sícômoro, do qual a deusa Hator trazia para os mortos, e para seu pássaro das almas ( Ba ), a bebida e o alimento fortalecedores. O Deus Súmerio da vegetação Dumuzi Tamuz era venerado como árvore da vida. A antiga  China venerava o pessegueiro e a amoreira, os druídas celtas, o carvalho, que também era consagrado ao Deus do trovão germânico Thor e , entre os gregos, a Zeus, rei dos deuzes. Arvores sagradas desse tipo, em parte  reais, em parte idealizadas e alçadas a símbolo cósmico, são encontradas em quaze todos os povos antigos. Na ìconografia cristã a árvore é símbolo da vida querida por Deus e o curso de seu ciclo anual alude ao ciclo de vida, morte e ressurreição, enquanto a árvore infrutífera ou morta indica o pecador. Da maneira da paradísíaca "árvore da sabedoria " teria sido feita mais tarde a cruz de Cristo, que daí em diante se tornou fiel a árvore da vida. Muitas vezes ela foi representada com ramos e folhas, ou comparada à árvore genealógica da  "raiz de Jessé ". A simbologia da árvore e sua veneração conservam um resto de  antiga religião natural, na qual às árvores não são simplesmente fornecedoras de madeira, mas sim entes animados e habitados por ninfas, com as quais o homem tinha uma relação sentimental. Árvores com imagens de santos colocadas em seu tronco ( "Devoção dos bosques" ) na Áustria, também se referem a isso, assim como  a árvore de natal, difundida atualmente em quase todo o mundo, e que evoca em pleno inverno, o verde e o renascimento como símbolo consolador. No culto Yorùbá, são inumeras às árvores sagradas que repesentam forças e caminhos da força de Deus para os homens, como o dendezeiro, o Ìrókò e outras, às quais poderiam ser interpretadas como técnicas xamãnicas.
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"Òrúnmilá deve subir nas árvores de Ìyámì para poder ter acesso a seus inùmeros poderes".
Estas seriam as ascensões ritualisticas das árvores sagradas. 1- árvore ìwò, 2-árvore arère 3- árvore òse, 4- ´arvore ìrOko, 5- árvore ìyá,6- arvore asurin, 7- arvore òbòbò. Os sete pilares da magia de Ìyami.    (Texto colhido do livro Magia Prática no Culto à ÌYami.)